Por Luciane Ramos, Médica do Trabalho.
Neste Setembro Amarelo, quando a luz se acende sobre a prevenção do suicídio, é crucial ampliarmos nosso olhar e reconhecermos as dores silenciosas que muitos carregam. Para além das causas gerais de sofrimento psíquico, é imperativo compreender que a vulnerabilidade ao suicídio é desproporcionalmente maior em grupos que enfrentam discriminação sistêmica e preconceito diário. O sofrimento relacionado à orientação sexual, identidade de gênero, raça, etnia, deficiência, religião e outras minorias é uma realidade que, infelizmente, aumenta a incidência de quadros de ansiedade, depressão e, consequentemente, o risco de suicídio.
A discriminação, o preconceito e a exclusão social geram feridas profundas e persistentes. Para pessoas LGBTQIAPN+, negras, indígenas, com deficiência, migrantes, refugiadas ou pertencentes a outras minorias, o ambiente muitas vezes hostil e a falta de aceitação podem se tornar fardos insuportáveis. Isso se manifesta em microagressões constantes, na dificuldade de acesso a serviços essenciais como saúde e educação, na rejeição familiar, no bullying, na violência e na invisibilidade social. A constante necessidade de se proteger ou de esconder sua verdadeira identidade gera um estresse crônico, conhecido como estresse de minoria, que esgota os recursos emocionais e psicológicos. Ignorar essa dimensão é falhar gravemente na prevenção e no cuidado integral à saúde mental.
Por isso, abordar a diversidade e promover a inclusão não são apenas atos de justiça social, mas estratégias poderosas e comprovadas de saúde mental e prevenção ao suicídio. Quando um ambiente é genuinamente diverso e acolhedor, quando a identidade de cada um é respeitada, validada e celebrada, criamos uma rede de proteção robusta. Isso significa garantir representatividade, usar linguagem inclusiva, combater ativamente o preconceito, criar espaços seguros e promover a escuta ativa e empática. Sentir-se pertencente, valorizado, compreendido e seguro para ser quem se é, sem medo de julgamentos ou retaliações, fortalece a autoestima, a resiliência e a capacidade de buscar ajuda, tornando-se um fator protetor imenso contra o desespero e o isolamento.
Que este mês seja um lembrete vívido: cada vida importa, e a diferença está em nossa capacidade de estender a mão, ouvir sem preconceitos, educar-nos continuamente e construir uma sociedade onde a diversidade seja sinônimo de força, inovação e segurança, não de vulnerabilidade.
É um chamado à ação para indivíduos, famílias, empresas: desmantelar preconceitos, promover políticas inclusivas e garantir que todos tenham o direito de existir plenamente, com dignidade e apoio.
Abrace a diversidade.
Acolha a vida.
Salve vidas.





